08/05/11

MARROCOS 2011 DIA 07

Quarta-feira 20 de Abril DIA 07


São onze da noite, e componho estas apressadas linhas na varanda do meu quarto, onde uma piscina magnífica e uns jardins luxuriantes convidam qualquer um a voltar a TINERHIR (HOTEL BOUGAFER – Boulevard Mohamed V telf. 00212524833200)

Mas, começando pelo inicio do dia.

Saímos de Zagora, uma cidade fantástica situada no interior Sul de Marrocos onde tudo o que se precisa, arranja-se com uma facilidade.

Mal saímos do hotel dirigimo-nos a uma oficina de mecânica, já conhecida pelos membros desta caravana onde o proprietário, relações públicas e mecânico, se desdobrou em amabilidades a receber-nos, prontificando- se logo para qualquer assunto na sua área.

Enquanto se fazia uma pequenas compensações nas nossas máquinas, não perdemos tempo em dar uma visita pelas redondezas, onde o comércio local tinha imenso artesanato para oferecer a quem passava.

Entre um par de horas de conversa, e um delicioso chá de menta servido, fica-me a ausência de adjectivos para qualificar a simpatia e hospitalidade deste povo que tão bem trata os turistas em geral e os portugueses em particular.

Nunca imaginei, que aqui em terras tão longínquas, fosse tratado como família. Alguns marroquinos em jeito de graça, até dizem que passamos bem por “Berberes” (um povo marroquinos com fisionomia idêntica à nossa e com tom de pele morena).

Por fim, lá seguimos em direcção a TINERHIR. Primeiro em alcatrão (N9) até TANSIKHT, depois virando à direita para a R108 até NEKOB.

Atravessamos uma cordilheira montanhosa de nome DJEBEL SARHRO com altitudes de 2200m e uma temperatura bastante fresca. O famoso vale do Dadès à nossa esquerda lá ao fundo, com paisagens que nunca mais irei esquecer.

Montanhas enrugadas em forma de Horst e de Graben , devido ao movimento combinado das estruturas tectónicas complexas, alternavam com múltiplas falhas com escarpas íngremes, provocavam no seu topo, pequenas mesetas que proporcionam ao viajante deslumbramentos únicos no campo geológico.

Aqui nesta montanha, os minerais geológicos abundam à superfície. É vulgar encontrar: calcite, magnésio, feldspatos, micas brancas, micas pretas, biotites, moscovites, quartzo em forma cristalina, uns de brilho vítreo outros de brilho opaco. Com clivagens e fracturas diferentes os minerais que se encontram por aqui certamente que estiveram envolvidos num ciclo de transformação que se pode repetir indefinidamente.

Geologia à parte, no meio de tanta rocha lá ia aparecendo um oásis aqui e ali, mas sempre situado em fundo de vale. O rio seco mostrava que em tempos de chuva ou degelo há presença abundante de água, que assim proporciona campos cultivados que vão pintando de verde uma montanha toda ela em tons de cinza.

O almoço hoje foi em altitude, ou seja em plena montanha numa espécie de “cafezinho” que por aqui dá pelo nome de Aubergue nómade. Os Chef`s de serviço prepararam um menu tipicamente português composto por sardinhas em molho de tomate picante; pívia de Bacalhau, cerveja e vinho abafado.

O grupo não podia estar mais animado, ou seja, o grupo esteve sempre animado e unido em todas as situações. Motivo para isso? Fácil. O grupo é constituído por 12 pessoas fantásticas que se completam numa equipa forte e coesa.

A seguir ao almoço e a uma altitude muito próxima dos 2000m, continuamos a percorrer trilhos, passando por povoações como Tizi-n-tazazert e Tagdilt.

Para além dos muitos aglomerados rochosos de formas magníficas, íamos encontrando uns rebanhos de cabras a pastar que são guardados por crianças descalças. Como se naquela imensidão de “nada” fosse preciso guardar o quer que fosse.

Mais uns quilómetros percorridos e mais um albergue de montanha encontramos.

Aqui os proprietários, vendiam a preço regateado minerais para quem quisesse levar como recordação. Curioso, ou não, foi encontrar por ali 3 jovens meninas oriundas de Paris, formadas em Geologia, que também já conheciam Lisboa e recordavam com saudades os nossos deliciosos pastéis de nata.

Ao final da tarde e já no sopé da montanha começamos a avistar a cidade de BOMALNE-DU-DADES, depois foi rapidinho chegar a TINERHIR. Sem antes porém passarmos por uma casa de Pneus pois tivemos um furo lento.

Agora aqui descansadamente sentado penso…. Como é possível com tantos quilómetros percorrido, com tanta violência para as viaturas, com tanta pedra e calhau vencido, um jipe só ter um simples… furo. Há coisas que não têm explicação.

(continua…)

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