Sábado, 23 de Abril DIA 10
Marrakech, Marrakech… como eu sonhei conhecer-te.
Quantas idéias criei, quantos mistérios construi, sobre esta cidade que só hoje desvendei.
Este sábado foi todo ele dedicado à descoberta de Marrakech, aos passeios, às compras,às descobertas, aos cheiros, às cores, aos sabores. Enfim a uma cidade que à muito desejava conhecer.
MARRAKECH (ou Marraquexe) com os seus 920 mil habitantes, e nos seus quinhentos e pucos metros de altitude acima do nível médio das águas do mar, encontra-se a cerca de 180km da costa Atlântica; e está limitada a Este pela cordilheira do Grande Atlas e a Sudeste pelo vale de Ourika.
Marrakech, tambem conhecida como “cidade vermelha” é uma das metrópoles mais emblemáticas do Magreb, que compreende toda a região de domínio cultural muçulmano no norte da África. Esta é a cidade das mil e uma noites, um lugar mítico e místico, um ponto de encontro de exploradores e de sensações insólitas e deslumbrantes.
Com uma temperatura amena a rondar os 18º / 20º fui conhecer a cidade com a promessa que iria chover. Coisa, que a estas latitudes me fez espantar nesta altura do ano, mas nada que me intimida-se.
O nosso hotel fica situado numa elegante área nova, fora da Medina, num bairro turístico, onde se concentram os hotéis, novos edifícios comerciais, bares e restaurantes da moda, e uma excelente e colossal zona verde, praticamente a 3 quarteirões da Medina. Local para onde inicialmente nos dirigimos.
Do outro lado da Mesquita Kutubiyya, onde tem um minerete com 70m de altura nasce a praça Djemaa El-Fna. É dali que se espalha o grande mercado central, o souk.
Centenas de homens vestindo roupas típicas e mulheres de véu vestidas de preto da cabeça aos pés; músicos com macacos, encantadores de cobras, arrancadores de dentes, vendedores de próteses dentárias, vendedores de frutos secos e sumo de laranja, misturam-se com charretes que passam apressadamente com os muitos turistas que ali se encontram.
É muito difícil tentar descrever as sensações que se adquirem nesta praça. Afirmar que a praça Djemaa El Fnae é descomunal parece pouco. Aquele cheiro de surpresas, que não consigo descrever bem, uma mistura desagradável de cáca de cavalo ao agradável e intenso cheiro do caril e açafrão, são os aromas que pairam no ar.
À volta desta praça, há uma oferta de restaurantes óptima, que se mistura com algumas lojas comercias. Foi num destes restaurantes com terraço a fazer de esplanada de nome “Argana” (paredes meias com o Souk), que todo o grupo (mais uma vez muito unido) teve o prazer de almoçar magnificamente e desfrutar daquela paisagem soberba sob a praça mais famosa de Marrakech. Entre uma garfada de comida e uma boa conversa, assistimos também a um encantamento de serpentes no meio da praça.
Destacar que à hora marcada e no meio de tanta confusão e barulho, os altifalantes instalados no minarete, mesmo ali ao lado, entoavam uma ladainha intraduzível de rezas. E o silêncio instalou-se naquela na praça barulhenta, e alguns mais crentes ajoelharam-se em direcção certa para orar, deixando por instantes as tarefas que estavam a realizar.
O SOUK (mercado marroquino de grande dimensão), é constituído por um emaranhado de estreitas passagens e túneis, onde a maior parte das lojas não devem exceder 15 metros quadrados completamente lotados.
Aqui se vendem os mais variados artigos como: frutos secos, fruta fresca, carne, perfumes, roupas, ervas medicinais, especiarias, artigos em pele, candeeiros, tatuagens, fogões, cerâmica, tapetes, latoaria, tinturaria, e um número infinito de artesões que encontram aqui no Souk, não só um local de venda, mas também um local para socializar.
Neste mercado de dimensões nunca vistas as pessoas acotovelam-se devido às ruelas muito estreitas e onde é vulgar nos cruzarmos com bicicletas e motos tudo ao mesmo tempo. A confusão instalada é tanta que por vezes se instala (muito tenuemente) um sentimento de insegurança.
Tudo se vende. Tudo não… álcool e carne de porco nem pensar por estas bandas. Mas de resto tudo se vende de uma forma muito própria e singular, ou seja, regateando sempre o preço final. Os artigos não costumam ter o preço afixado e cabe ao vendedor e ao comprador chegar ao melhor preço final, através de ofertas muitas delas perfeitamente desadequadas.
O grupo no meio de tanto entusiasmo e desorganização lá foi a uma casa do tipo ervanária medicinal. Aqui no meio de uma oferta interminável de produtos naturais e mezinhas caseiras contra todas as maleitas, íamos desfrutando de umas massagens relaxantes à base de óleo de Argão na zona lombar, que tão bem nos soube.
A seguir ao almoço na exótica praça Djemaa El-Fna e com a protecção anti-chuva vestida, lá fui fazer um tour pela cidade, naqueles autocarros de 1º andar, e que através de uns fones tive durante hora e meia uma explicação sobre esta maravilhosa urbe.
A parte nova da Cidade com avenidas largas a pensar no futuro, com os seus enormes espaços ajardinados dá-lhe um toque de modernidade ocidental europeia. Confrontando-se com a parte antiga onde um muro gigante de 8 a 10 m de altura delineia toda esta zona antiga.
Assim, esta cidade repleta de sabores intensos, cores frenéticas e sons vibrantes, dá-nos a entender que não fica nada atrás de qualquer outra cidade cosmopolita da europa.
(continua…)
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No passado dia 28 de Abril, cinco dias apenas após eu e o restante grupo estarmos e desfrutar de uma excelente refeição e de uma excelente vista no restaurante ARGANA, na praça Djemaa El-Fna em Marrakech, soube que este mesmo espaço de restauração foi alvo de um brutal atentado terrorista.
15 mortos e 20 feridos foi o balanço.
Realmente quem diria que naquele local tão pacato e aprazível, fosse acontecer uma coisa destas. Quem sabe se 5 dias antes não poderia ser eu a estar na hora errada e no local errado?
(actualidade pós atentado)
1 comentário:
grandas fotos. a sra do mercado nem sabe que pode ficar conhecida no mundo inteiro. uma boa combinação de multiculturalidade e TIC
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