11/11/15

A lenda de São Martinho - Uma visão geografica


 
São Martinho, ou Martinho de Tours, nasceu em cerca de 316 na antiga cidade de Savaria na Panónia, uma antiga província na fronteira do Império Romano, na atual Hungria. Filho de um comandante romano, cresceu na região de Pavia, em Itália, no seio de uma família pagã. Criado para seguir a carreira militar, foi convocado para o exército romano quando tinha quinze anos, viajando por todo o Império Romano do Ocidente.
 
Apesar de ter recebido uma educação pagã, foi em adolescente que Martinho descobriu o Cristianismo. Mas foi só mais tarde, em 356, depois de ter abandonado o exército que foi batizado. Tornou-se discípulo de Santo Hilário, bispo de Poitiers (na zona oeste da atual França).
 De volta à Gália, foi perto de Poitiers que fundou o mais antigo mosteiro conhecido na Europa, na região de Ligugé. Conhecido pelos seus milagres, o santo atraía multidões.
Pregador incansável, foi também o fundador das primeiras igrejas rurais na região da Gália, onde atendia tanto ricos como pobres. Morreu a oito de novembro de 397 em Candes e foi sepultado a onze de novembro em Tours, local de intensa peregrinação desde o século V.
 
A lenda de São Martinho
Num dia frio e chuvoso de inverno, Martinho seguia montado a cavalo quando encontrou um mendigo. Vendo o pedinte a tremer de frio e sem nada que lhe pudesse dar, pegou na espada e cortou o manto ao meio, cobrindo-o com uma das partes. Mais à frente, voltou a encontrar outro mendigo, com quem partilhou a outra metade da capa. Sem nada que o protegesse do frio, Martinho continuou viagem. Diz a lenda que, nesse momento, as nuvens negras desapareceram e o sol surgiu. O bom tempo prolongou-se por três dias.  
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o ato de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e miraculoso." É o chamado Verão de São Martinho!"
 
Esta lenda tem, de facto, uma tradução climática e meteorológica. Ou seja, a frequência de dias de sol em Novembro com temperaturas relativamente elevadas é um facto que tem elevada frequência e que tem tendência a repetir-se ao longo dos anos. A julgar pela altura em que S. Martinho viveu, já se verifica há alguns séculos e, que se saiba, na Baixa Idade Média, a capacidade que o homem tinha para alterar o clima era quase nula.
É pois normal que, em Novembro, um anticiclone se instale na Europa Ocidental (de lembrar que S. Martinho era Francês), como é o exemplo da figura em baixo e que representa a situação de 11 de Novembro de 2015

A instalação deste anticiclone nesta altura do ano é um facto perfeitamente estudado e considerado normal. Pode originar temperaturas amenas e situações de alguma secura outonal.
Se é “normal”, então não há nada de extraordinário, sobretudo se há registo destas situações desde há vários séculos atrás, pelo menos desde a época em que S. Martinho viveu.
É típico dos climas mediterrâneos que o calor e a secura estivais se prolonguem pelo Outono, assim como o frio Invernal se prolongue pela Primavera.
 

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