25/08/07

Noite de Trovoada



Depois de uma semana exausta de trabalho e ainda a lembrar das ferias que parece que já foram a 3 anos, he, he, peguei nas minhas mulheres e fui passar o fim de semana alem Tejo, pois a temperatura assim convidava; na passada noite de sexta feira deitei-me tarde a admirar o céu estrelado que só numa noite de Agosto como esta me convencia a fazer; mas lá pelo meio da noite ( aquela hora que se vai fazer um xíxí) apareceu o que ninguém pensava, para esta altura do ano... uma fenomenal e assustadora noite de trovoada com relâmpagos a acompanhar para todos os gostos e tamanhos. Bem... a muitos anos que não via tal espetaculo.

Apesar de assustador irei tentar ilucidar com uma brave explicação os porques de tal «barulho» e «luz»

Para uma trovoada se formar é necessário que exista elevação de ar húmido numa atmosfera instável. A atmosfera fica instável quando as condições são tais que uma bolha de ar quente em ascensão pode continuar a subir porque continua mais quente do que o ar ambiente. (A elevação do ar quente é um mecanismo que tenta restabelecer a estabilidade. Do mesmo modo, o ar mais frio tende a descer e a afundar-se enquanto se mantiver mais frio do que o ar na sua vizinhança.) Se elevação de ar é suficientemente forte, o ar arrefece (adiabaticamente) até temperaturas abaixo do "ponto de orvalho" (palavras estranhas??)e condensa, libertando calor latente que promove a elevação do ar e «alimenta» a trovoada. Formam-se cumulonimbos (outra palavra estranha que irei explicar um dia he,he)isolados com grande desenvolvimento vertical (podendo ir até 10 ou 18 mil metros de altitude) alimentado pelas correntes ascendentes de ar.

É geralmente associados a esses cumulonimbos que se dão os intensos fenómenos em que consiste uma trovoada:
relâmpagos, trovões, rajadas de vento, inundações, granizo e, possivelmente, tornados.
As trovoadas podem-se formar no interior das massas de ar (a partir da elevação do ar por convecção - comum em terra nas tarde de Verão - quando o aquecimento da superfície atinge o seu pico - e sobre o mar nas madrugadas de inverno, quando as águas estão relativamente quentes); por efeito orográfico - (a barlavento das grandes montanhas) ou estar associadas a frentes - sendo mais intensas no caso das frentes frias.

Os Relâmpagos são descargas eléctricas que ocorrem dentro de uma nuvem, entre duas nuvens, entre uma nuvem e a atmosfera, ou entre uma nuvem e o solo.
Os relâmpagos verticais normalmente predominam na parte da frente de uma trovoada e os horizontais na parte de trás. Os relâmpagos, que estão sempre presentes em qualquer trovoada, aquecem localmente o ar até temperaturas muito elevadas (podem chegar aos 30000°C). Esse aquecimento causa a expansão explosiva do ar ao longo da descarga eléctrica, resultando numa violenta onda de pressão, composta de compressão e rarefacção, que os nossos ouvidos ouvem como um trovão. Uma trovoada típica produz três ou quatro descargas por minuto.

Quando a atmosfera está estável, o seu campo eléctrico é caracterizado por uma carga negativa na superfície e uma carga positiva na alta atmosfera. Os raios ocorrem quando dentro de um cumulonimbo surgem regiões separadas com cargas eléctricas opostas. As partículas de carga positiva mais leves são elevadas para o topo pelas correntes de ar ascendentes e as de carga negativa, que são maiores, caiem para a base da nuvem.
As regiões com cargas eléctricas opostas aparecem, por exemplo, quando partículas de gelo (como granizos) caiem sobre uma região em que há gotas liquidas super arrefecidas e cristais de gelo. As gotas congelam quando colidem com cristais de gelo e libertam calor latente que faz com que a superfície das partículas de gelo se mantenha mais quente do que os cristais de gelo à sua volta. Isso faz com que se dê uma transferência de iões positivos das partículas de gelo «quentes» para os cristais de gelo. As partículas de gelo ficam com carga negativa e os cristais de gelo com carga positiva. Os cristais de gelo, mais leves e com carga positiva, são elevadas para o topo pelas correntes de ar ascendentes e as partículas de gelo (como granizos), mais pesados e com carga negativa, caiem para a base da nuvem.
Como cargas opostas se atraem, uma carga positiva é induzida no solo (no cimo dos objectos altos observa-se, por vezes, o Fogo de St. Elmo: um brilho devido à concentração de carga positiva). O campo eléctrico resultante vai crescendo até que atinge um valor crítico a partir do qual cai um raio (um relâmpago nuvem-solo). Uma primeira vaga de electrões é lançada para a base da nuvem e depois em direcção ao solo colidindo com moléculas de ar que ionizam, formando um canal condutor que facilita o trajecto de outros electrões. O canal condutor vai assim crescendo até que se aproxima do solo e se começa a levantar deste uma corrente de carga positiva que vem ao seu encontro. Quando se dá o encontro, um grande número de electrões fluem para o solo e uma maior e já perfeitamente visível descarga de retorno, brilhante e intensa, com muitos centímetros de diâmetro, ascende para a nuvem (em cerca de 10 milissegundos) seguindo o mesmo trajecto ionizado. Frequentemente as descargas repetem-se no mesmo canal ionizado em intervalos de mais ou menos 1 milissegundo. Tipicamente, o flash de um raio dura cerca de um segundo mas contem pelo menos três ou quatro descargas descendentes seguidas de descargas de retorno de que os nossos olhos só se podem vagamente aperceber. É isso que o faz parece tremer.

15/08/07

"OTA" Perspectivas sobre turismo em espaço rural



«Perante os custos ambientais e sociais do turismo de massas, convencional, gregário e quase popular, próprio de uma sociedade de consumo, organizado “industrialmente”, afirmam-se procuras diferentes, novas, responsáveis e sustentáveis, selectivas em termos económicos e em valores e comportamentos pessoais, preferencialmente no próprio país, e em regiões não muito distantes, prefigurando, talvez o turismo do futuro…» (Cavaco C. 1996“Turismo rural e desenvolvimento local”)
No quadro da história da humanidade o turismo é um fenómeno recente, que se começa a organizar e a sistematizar, bem como a sofrer uma alteração que passa, de um fenómeno de elites, para um fenómeno massificado e global. Portugal não ficando alheio a toda esta mudança, procura encontrar novos caminhos de oferta turística que (entre outros) passam por recuperar uma imagem antiga, dando-lhe um “new look” em harmonia com todo o espaço envolvente de património natural, e ambiência cultural.
A crescente procura do lazer e do turismo em espaço rural, faz com que este nicho de mercado seja um dos segmentos mais dinâmicos e prometedores do turismo nacional, vendo em Ota um destino promissor no futuro.
Ota é a freguesia mais extensa do concelho de Alenquer com cerca de 46 quilómetros quadrados, onde uma vasta chã da era do cenozóico domina por completo sendo só quebrada pelo perfil quase geométrico do monte redondo, e pela serra que tem o mesmo nome da aldeia (uma elevação jurasica de 185 metros). Esta aldeia centenar desfruta de um clima ameno e delicado, não só devido a proximidade do Atlântico por um lado, e à imediação da serra de Montejunto que com outras de menor importância, constituem um anfiteatro natural.
A aldeia de Ota a escassos 42 km da Capital, é detentora de um variado leque de paisagens, que passa por vasta charneca, pinhal, eucaliptal e montado de sobreiros que encontram aqui um ambiente privilegiado e tranquilo; Ota já com características rurbanas, possui varias quintas com características latifundiárias, propriedade ainda hoje de descendentes da nobreza, cujo as actividades se diversificam na agricultura, silvicultura, pecuária, e turismo, onde conservando a tradição dos seus antepassados mantêm inclusivamente a traça secular das construções.
Ota poderá não ser uma área tradicional de polarização de fluxos turísticos, mas é concerteza uma área emergente que devido à sua localização bem como a proximidade de actividades temáticas que passam pelo golfe, tiro, equitação, percursos pedestres e radicais, tauromaquia, produção vinícola entre outros, aliados ao crescente dinamismo agrário da região, faz desta área um bom motivo de aposta para uma procura turística que tende a se diferenciar e a fragmentar-se. Este tipo de turismo não deve concorrer com outros, mas sim aliar-se a outros, pois ganha (pelo menos) com a recuperação do património.

Esse ventinho... deve ser "Nortada"


Todos nós já tivemos a experiência de estar na praia a "trabalhar pro Bronze" e lá pela tardinha aparecer um vento que por vezes é forte e desagradável, bem... o bronze fica para outro dia e só nos resta uma esplanada com umas cervejinhas, pois estar a levar com aquela areia e vento e muito desagradável; bem cá vai a possível explicação para os mais distraidos:

Portugal continental está situado no hemisfério norte entre as latitudes 37 e 42º Norte e as longitudes de 06 e 09º Oeste. A sua localização peninsular e a norte de um grande deserto, leva a que para a definição do seu clima contribuam as mais diversas influências. O território continental está situado numa zona subtropical, Estas latitudes são uma cintura propensa a variações frequentes da direcção do vento, resultando desse facto uma rápida mutação das condições do tempo. Por sua vez o factor longitude provoca que a costa portuguesa, a mais ocidental da Europa, é a primeira a sofrer a influência das perturbações que se geram ou desenvolvem ao atravessar o Atlântico Norte. Outros factores, como os fisiográfícos (mares, continentes, lagos, topografia, etc.) determinam que, na generalidade, a intensidade e a duração com que os fenómenos atingem as regiões do interior sejam diferentes, se comparadas com as zonas litorais.
Durante o inverno, Portugal é afectado por massas de ar frias e húmidas, por superfícies frontais vindas de NW, por massas de ar frias e secas vindas da Sibéria e que se aproximam por NE. Durante o Verão as influencias são das massas de ar quentes e secas vindas do norte de África e das massas de ar quentes e húmidas transportadas de SW pelo Anticiclone dos Açores. A distribuição do vento em Portugal é fortemente influenciada pela ocorrência de brisas, principalmente no litoral. Como as brisas são fenómenos que ocorrem com maior intensidade durante a tarde, Durante o Verão, devido às referidas brisas o vento tem um sentido predominante (NW), sendo a sua intensidade média superior à verificada durante o Inverno. A predominância do sentido de NW verifica-se tanto de manhã como de tarde, embora seja muito mais marcado durante a tarde e com maior intensidade. Este efeito é bastante visível na costa Oeste, embora não se restrinja a esta. Na costa Oeste existe, também, vento com forte componente de Norte (conhecido por nortada),



A nortada é a denominação dada em Portugal continental à resultante vectorial entre um vento Barostrófico (brisa marítima) e o vento da circulação geral, associado ao anticiclone subtropical denominado de anticiclone dos Açores. Ocorre nas tardes quentes entre Junho e Setembro, quando a massa de ar Tropical continental se instala sobre a Península Ibérica, provocando céu limpo e acentuado aquecimento à superfície. O diferencial energético que se verifica cerca de duas a três horas depois do meio dia solar, provoca uma deslocação de massa de ar, do oceano para o continente, que é proporcional ao diferencial energético local. A sua intensidade pode variar de 12 a 25Kt em média, soprando por vezes com rajadas, e termina quando o desequilíbrio que lhe deu origem é anulado, cerca das 21, 22 horas. A Nortada faz-se sentir em toda a faixa costeira Ocidental, onde é mais violenta, e pode estender-se aproximadamente até aos 80 Km para o interior.